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Passageiro de ônibus em órbita

PASSAGEIRO DE ÔNIBUS EM ÓRBITA

...tic, tac, tic, tac, tic, tac...
Fábio Santos: você acabou de ouvir Gian e Giovani, “Não vivo sem você”. Fincabaute em “Coisa de maluco”. Mais coisa de maluco mesmo é os governantes não respeitarem e não valorizarem o profissional da educação. Isto é uma vergonha. E pra você ouvinte apaixonado de C.R., uma seleção continua de oito músicas. Homenagem a essa dupla tão querida! Começando com “No mesmo olhar”. Continue ligado, que a nossa querida Sônia está aí para atendê-lo. Quatro e quarenta.
...tic, tac, tic, tac, tic, tac...

“Eu não sei se foi sonho meu
Tudo aquilo que aconteceu
Numa noite...
...O seu corpo tocou no meu
E o meu coração percebeu...
...Quando dois olhos se olham no mesmo olhar
O coração não consegue mais segurar
E quer amar...”

...tic, tac, tic, tac, tic, tac...

“E na dança peguei sua mão
Nós rodamos pelo salão...
...Foi numa festa, num baile em algum lugar
Nossas vidas se uniram por um olhar
Te vi dançar...”

Fábio Santos: aqui você ouve só sucesso! Agora quatro horas e cinquenta e oito minutos em Goiânia. Um beijo para Lilian que ligou lá do Jardim Pompéia e para Cristiane do setor Pedro Ludovico. Nós estamos ainda esperando o seu telefone. Liga, liga, liga pra gente liga. Liga e mande aquele recadinho especial, para alguém muito especial do seu coração. Uma pergunta pra você ouvinte: está chovendo ou fazendo sol? Está fazendo sol! Mais aqui, nas ondas da rádio “Ainda está chovendo”.

“Ainda está chovendo no meu coração
Ainda estou molhado...
Você me amou de um jeito...
Por isso a tempestade ainda não passou...
...Tanto amor pra dar
E eu aqui chorando...
...Louco pra te ver...
...Querendo o seu beijo pra sobreviver
Amor, o seu amor é chuva em mim...
...Amor faz de novo o amor brilhar perto de mim...”

Letícia: ah! Uh! Ah não! Já! O sonho estava tão bom. Uhhhhh! (disse pegando o óculos posto debaixo da cama).
Fábio Santos: bom dia pra você que acaba de acordar! De Ronaldo Henrique para Cia. E o Lindomar diz o seguinte para o seu Amor: “tivemos alegrias que querem soterrar, mas com o seu sorriso irei até encontrar os braços teus”. É coração apaixonado! “...Na minha pele o seu suor ainda corre sem parar...” Quem nos diz isso é a música, “Solidão no seu lugar”. Bonita até! Mais falando a verdade, não tem nenhum poema cantado por C.R. que não seja digno de respeito. E para animar ainda mais o seu dia, adivinha o que vamos tocar? Ah, não sabe? Tocando só sucessos, com você “Alquimia”! Cinco e onze, nessa manhã anoitecida. Bom dia!
...tic, tac, tic, tac, tic, tac...

“Segue o teu caminho sem ter medo
Pois todo mundo pode ser um rei...
...Pois tudo que reluz pode ser ouro...
...E na busca do tesouro
Meu destino se encontra o teu
Sinta está luz do sol...”

O organismo sonolento se desdobra para acender a lâmpada ao lado.

“Ela é o bem e o mau feita de alquimia
Uma louca fantasia
Pra quem quer acreditar...”

Letícia: ahhh! (resmungou levando a mão, aos olhos feridos pela luz forte).
Levantou deixando ao chão, o lençol que lhe abrigava a nudez. E o espelho refletia agora, o que antes não via. Ao retornar do banheiro, apossou de um pote de creme, ligando o rádio.

“Segue a tua lenda vá em frente...
…Junto abriremos o presente
Nossa alquimia está no coração... ”

Letícia: uhh, C.R.!! (exclamou aumentando o volume).

“...Pois tudo que reluz pode ser ouro...
...E na busca do tesouro
Meu destino encontra o teu...”

Embriagou-se de sedução. Colocou um longo vestido, com decote admirador, em contorno aos seios.
Fábio Santos: você que ainda não ligou, ligue. Pois daqui a pouco, estaremos sorteando uma televisão colorida de vinte e nove polegadas. César do conjunto Fabiana, diz para a moça do setor Sul que não a esqueceu. Gleibson do Parque Amazonas, pede perdão ao sentimento perdido. Nós todos aqui da rádio, desejamos um feliz aniversário para os aniversariantes do dia de hoje, o catorze de agosto. Hoje o dia está desejoso. Desejoso ou desejo? Ah é desejo! “Desejo de amar”. Cinco e meia, minha gente! Está na hora de acordar, quem tem que chegar cedo.
...tic, tac, tic, tac, tic, tac...

“Pele macia…
…Nesse vai e vem
Jeito dengoso, olhar diferente
Esse sorriso...
...Doente de amor...”

Lábios tentadores, em batom marrom escuro. Despertavam indagações, dos que o viam. O brinco, o colar insinuante, o anel, o relógio, os livros na bolsa. Tudo em seu devido lugar.

“...Quando eu beijei sua boca
Vou viajar no céu
E num abraço tão louco
Quero te prender, quero amar você
Mais é assim que eu te desejo
Sozinho num quarto num sonho te vejo
Matando em mim a vontade de amar
Esse seu jeito gostoso é que mexe comigo
Me dá seu carinho, me dá seu abrigo
E tira de mim o desejo de amar...”

Fábio Santos: Sandro do setor Universitário acaba de ganhar uma caixa de cerveja, oferecimento do supermercado Via Láctea. Ronaldo João, diz a Flor que ela é especial e que não para de pensar nos seus beijos. Agora a nossa primeira declaração do dia. De alguém definido para Casta: “Eu queria dizer o quanto te amo e que sou incapaz de viver sem você. Sinto falta dos teus beijos, do teu sorriso, do teu abraço, do teu cheiro e do teu jeitinho que ninguém consegue se conter. Sinto a ausência constante de tua alegria em meio os versos e melodias, sempre me cortejando e dizendo que me ama. Queria que você voltasse pra mim! Sei que você foi a chance em mil, a minha chance em mil. E perdi, perdi por comodismo, achando que eu não precisava cuidar de você e era apenas eu o cuidado. Só agora reconheço, que não existe ninguém igual a você. Ninguém, que passou ou passasse em minha vida, se compararia aos teus sorrisos. Ah, como sinto falta deles! Queria apenas que você soubesse, que estou em torturas e lágrimas. Pois tudo, tudo, tudo ao redor me trás você. Você que um dia em momentos de carinho, que foram todos de sua parte dizia-me eu te amo ”. Você acabou de ouvir, a primeira declaração desse dia, que promete ser vitorioso. Você nosso ouvinte de todas as manhãs tenha cuidado com o amor, com o seu amor. E agora com vocês “Esse amor que me mata”. Acaba não mundão! São quinze para as seis da manhã.

“Estou sozinho e você tão longe...
...Por que você se esconde
Onde é que você está?...
...Mais você vive na minha cabeça
Com é que você está?...
...Me mande um aviso, me dê um sinal...
...Dê um grito quem sabe o vento me traga você
Em meu pensamento eu possa te ver...
…Quando o amor vai embora a saudade devora...
…Estou sentindo demais sua falta...”

Ao se deleitar em perfume (o perfume), a alma ficou mais leve, o corpo entorpecido, o vigor transparente e o gosto veio à língua, como desejo do toque invadido e domado. Cabelos a solta, o rádio emudeceu e o vento invadiu o interior do quarto, trazendo-a para fora.
Rimmmmmmmmmmmm.
Xiiiiiiiiiiiiiiiiiii, pla, plum.
Fábio Santos: olá você passageiro de ônibus, são cinco horas e cinqüenta minutos. Especialmente pra você, que acaba de ligar o seu rádio, vamos tocar a sexta música de C.R.. Não esqueça, que dia vinte vai ficar na memória. Pois essa gloriosa dupla estará em noite de autógrafo no lançamento de seu mais recente C.D.. E pra você ouvinte, que está aí sozinho pensando na vida, uma companhia agradável seria ótimo. Não seria? Imagine então, que essa companhia, acaba de chegar e ela, vem “Pra ficar com você”. E quem é que não quer ficar? Até eu quero.

“Vim pra ficar com você...
...Eu vim pra te mostrar meu coração
Só de você me tocar
Começo a sonhar
Desejo você comigo...”

Subiu suavemente, os três sublimes degraus do ônibus, as portas se fecharam e o perfume do seu corpo, exalou, do-cil-men-te, pelas narinas masculinas, invadindo-lhes a mente.

“...Eu não vou mais evitar
Desviar meu olhar
Já tentei mais eu não consigo
Eu vim pra te entregar meu coração...”

Atenções masculinas fixaram, respirações ofegantes, corações acelerando e as veias pulsando com o sangue quente. O pasmar dos homens, chamou a atenção das poucas mulheres presentes. Letícia deslizou sobre olhares brilhantes em direção ao fundo.

“...Ah como eu quero te amar
Eu não vou negar de ter medo de te perder
De te perder...
...Vai ser pra valer...”

Fábio Santos: Joselma ligou da vila Redenção. Márcia do Jardim América para Naiara. Antônio Luiz parabeniza a namorada pelo o seu primeiro mês de convivência. E cadê o seu recadinho? Eu ainda não li o seu recadinho. Você ainda não ligou? Então ligue; pois estamos todos aqui a sua espera, para atendê-lo com todo o amor, que pode abrigar um humilde coração. Mais recadinhos estão chegando! A Ledice diz o seguinte para o Dário Gandy: “Para de me enrolar; pois ainda quero sentir o êxtase de um verso teu.” Seis horas em ponto. E pra você poeta, que está em qualquer ponto da cidade nos ouvindo, tocaremos “O que tiver que vir virá”! Bom dia!

“Você não sabe que eu sei
Que você senti amor...
...Que o seu pensamento comigo voa
Feche os olhos...”

Freadas bruscas, calmas, arrancadas violentas e lentas. Curvas de trinta, quarenta, noventa e trezentos e sessenta graus centígrados. Nestes movimentos, corpos se tocam e se retocam continuamente.

“...Mais seu coração está em outra direção
Na hora de amar...
...Um grande amor a gente ganha no fim
E do jeito que tiver que ser será...
...Nem tudo que é bonito é amor...”

...tic, tac, tic, tac, tic, tac...
Com leve inclinação, do corpo para frente, o que estava atrás, permaneceu, apesar da normalização do eixo.

“...E o que tiver que vir, virá, virá
Com toda força que tem a paixão
E vai tomar seu coração...”

Com o molejo a seguia. Em momentos sem, persistia. Letícia parou o tempo, para analisar tal situação. Parecia haver um certo ardor! Com atenção redobrada, tentou identificar a sua origem. Subitamente, percebeu que vinha de outra galáxia. Por instantes parou e se perdeu em pensamentos. Voltou e se deleitou com a descoberta.
Fábio Santos: agora, seis e seis. Você acaba de ouvir “O que tiver que vir virá”. Bom dia para Izabel Cristina e para o Cláudio Luz, que ligou de São Paulo capital, cumprimentando a sua poetiza preferida de Goiânia. De estranho que não é estranho, para a pessoa que escreve versos, gosta de suco de laranja e de tulipas vermelhas do 3241 final 5: “Apesar de ser um homem vivido e experiente, ninguém nunca fez, o que você fez comigo. Ao seu lado, tive emoções e sensações completas e lascivas. Gostaria de ter sua companhia novamente. Pois é a melhor amante, que um homem poderia ter e desejar na vida. Você sabe realmente, o significado da palavra êxtase.” Olha aí minha gente, tem alguém, que não se sabe quem, no qual está levando os homens a loucura. Ah, eu também quero! Finalizando a seleção da dupla mais afinada do Brasil com “Loucura demais”!

“Pra ganhar o seu amor
Eu de tudo sou capaz
Qualquer coisa por você
Nunca é demais
Em cada esquina eu vou
Achar um canto pra poder te amar...”

O cometa da galáxia descoberta queimava por sob o tecido grosso, do jeans masculino. Aquilo a enlouquecia! Discretamente o cometa, foi em direção as suas luas minguantes. Ela ficou estonteada com o atrito dele, nos satélites naturais dela. Sua saliva esfriou e do céu fluiu a seiva da vida, que escorria entre suas pernas.
...tic, tac, tic, tac, tic, tac...
Ela olhava avante, a espera de uma curva mais acentuada. Pouco se passou e a desejosa curva se apresentou. Sofregantes, ele colocou uma das mãos no quadril dela, trazendo-a para o seu. De qualquer forma, de qualquer maneira ele a queria, ele a necessitava. Ele encostou-se na parede lateral e com as mãos a solta, pegou nos dois planetas. Apertava-os com tamanho fulgor, que os eclodiu. Os quadris sempre em movimentos giratórios, verticais e horizontais o excitava que a excitava.

“...É loucura demais
Loucura demais
Tanto amor assim não dá pra segurar
É loucura demais
Loucura demais
Esse amor que me faz viver...”

A mão direita dele desceu para a coxa dela e voltou frebilmente, com um pedaço do vestido. Ela inclinou sutilmente para frente e o cometa em sua jornada, saiu de seu universo penetrando no buraco negro. Ela sentiu aí, um dos intensos prazeres sexuais. Apoiando-se em barra vertical o astro fumegante ia e vinha ferozmente. Aquele ato contínuo, arfante, fazia com que os vidros das janelas transpirassem o sumo de cada estocada.
...tic, tac, tic, tac, tic, tac...

“…Pra ganhar o seu amor
Sou capaz de muito mais
E as loucuras que eu fizer
Não volto atrás... ”

Dois dedos, da mão direita dele, penetraram no universo dela, enquanto a outra permanecia nos planetas com gozo. Por vezes, ele dava fortes tapas nas luas; o qual a deixava alucinada. As pernas dele bambeavam e o seu corpo começou a tremer. Um gemido sussurrado, um grito surdo de prazer e em espasmos, o cometa explodiu, jorrando no buraco negro, que escorria em meio às pernas dela.

“...Que tudo é possível
Quando a gente quer amar...”

Ela desinclinou o corpo, o vestido desceu e somente deixou em demasia, as doces sensações sorvidas.

Peeeeeeeeeeeeeeeee.
Rimmmmmmmmmmmm.
Xiiiiiiiiiiiiiiiiiii, pla, plum.
Xiiiiiiiiiiiiiiiiiii, pla, plum.

“...É loucura demais
Loucura demais
Tanto amor assim não dá pra segurar...”

Ela desceu, sem ao menos saber o seu nome, ou como era seu rosto. Só sabia que quem cantava era Chystian e Ralf.

Triiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.



Letícia Luccheze.




Letícia ama Chrystian e Ralf e na maioria dos momentos em que está escrevendo, as suas músicas estão tocando. E em outros contos dela, também tem letra de músicas de Chrystian e Ralf.
Este conto foi escrito para Antônio Luiz Garcez. Em uma visita em sua casa, na hora de ir embora, encostados no tanque de lavar roupa, Letícia concebeu todo o conto na mente. Chegando em casa, foi para o computador e o digitou.